Toda a obra é objecto de debate. A de Artaud não é objecto de debate.
Artaud escreve numa carta de Rodez: «Nunca fui capaz de suportar alguém que, a partir de um ponto de vista semântico, histórico, arqueológico, ou mitológico, se intrometesse com as linhas de um grande poeta – as linhas de um poeta não são explicáveis».
Falar de Artaud só pode significar que Artaud se tornou «relevante». E a relevância é a constatação de que o seu corpo ou os fragmentos «pestíferos» que nos deixou sob a forma de uma linguagem ensombrecida ou iluminada por essa fuga à «consciência unânime» a que chamamos de loucura, lhe foram, finalmente, arrabatados pelas nossas (bem comportadas) intenções celebratórias. Daí a dimensão fortemente irónica do presente exercício. Continuar a ler